quinta-feira, 27 de agosto de 2020

LUTÉCIA ESPESCHIT, UM OLHAR DIFERENCIADO SOBRE A CIDADE.

O Bom Dia conversou com a fotógrafa, ativista cultural, bancária e pré-candidata à vereadora, Lutécia Espeschit, desta vez pré candidata pela REDE Sustentabilidade.

BOM DIA:  Você sempre esteve no PCdoB e foi para a REDE Sustentabilidade. Desistiu do Comunismo?

LUTÉCIA: O Comunismo, como é em sua essência, é um desejo. Grosso modo, imagine uma sociedade organizada sem o Estado, onde a propriedade e seus meios de produção sejam coletivos, sem divisão de classes sociais e totalmente igualitária. Esse pensamento comunista é a evolução do Socialismo, onde o Estado ainda existe, mas com a finalidade de realizar essa transição, sistema defendido pelo PCdoB - O Partido do Socialismo, como há tempos se define.  Existem desejos quase impossíveis de realizar e acredito que o motivo da grande resistência ao Comunismo, é ainda não estarmos preparados para essa filosofia de vida, pois para chegarmos ao "Éden", a humanidade precisa abrir mão da ganância e da avareza, abolir fronteiras e preconceitos, ser generosa, fraterna, solidária e desejar igualdade para todos.

Quanto à minha saída do PCdoB para a REDE, foi por questões das minhas divergências quanto ao apoio aos nomes democraticamente escolhidos para nos representar,  em nível Nacional, Estadual e Municipal, que já acontece e me descontenta desde 2014.

BOM DIA: O que a atraiu na REDE Sustentabilidade de Marina Silva e Luiz Ernesto?

LUTÉCIA:  Em primeiro lugar, não penso na REDE Sustentabilidade como um Partido da Marina Silva e do Luiz Ernesto, pessoas que admiro e respeito,  e que são porta-vozes do Partido, respectivamente no Brasil e em João Monlevade .

A REDE Sustentabilidade comunga da minha ideia de que precisamos aproximar política e cidadãos, de forma que o poder transformador esteja em cada um de nós, num movimento filosófico que integre e contemple sonhos individuais e coletivos, para vivermos de forma solidária e sustentável em sete níveis ou dimensões: cultural, social, ambiental, ética, estética, econômica e política. Sem dar importância e perseverar na construção desses pilares,  a humanidade se destruirá.

Fotografar é um ato de amor.

BOM DIA: Você sempre foi uma excelente fotógrafa, com um olhar muito agudo sobre tudo. Qual fotografia representa a Monlevade de hoje?

LUTÉCIA: Uma foto "monocromática". Monlevade perdeu o colorido, a alegria, o entusiasmo.  Se minha câmera tivesse o poder de retratar o sentimento dos monlevadenses, nesse momento seria o retrato do desânimo,  da desolação e da tristeza com a desorganização da nossa cidade.

BOM  DIA: Você sempre foi muito ligada na arte e na cultura. Como vê o papel da cultura no mundo de hoje? Não acha que houve uma dessensibilização, que tanto os governos como as pessoas, simplesmente relegaram a cultura a um terceiro ou quarto plano na ordem de prioridades?

LUTÉCIA: Cultura é alma,  e nesse mundo competitivo, e com o desemprego crescente,  a prioridade do momento é a sobrevivência e a manutenção do corpo. No Brasil, segundo o IBGE (2019), houve empobrecimento da população nos últimos 9 anos, passando de 68,4% para 73,03% as famílias brasileiras que receberam menos de seis salários mínimos por mês. Portanto,  a Cultura e o entretenimento vem sendo relegados aos últimos planos na ordem das prioridades,  devido às dificuldades econômicas da população.

E quando falamos em Cultura, que é o que dá significado ao que fomos e somos, destaco em Monlevade a perda da nossa identidade como a Primeira Cidade Operária da América Latina, onde toda a nossa história, de grande importância para a história da siderurgia no Brasil e no mundo, não foi preservada, contada e mostrada a essas novas gerações que aí estão. Como se não bastasse a demolição de todo aquele complexo arquitetônico da Praça do Cinema e mercado, o pouco que restou do nosso patrimônio histórico-cultural está abandonado, e a cada dia vem sendo descaracterizado, sem nenhuma ação para a sua preservação (tombamento dá muito trabalho e parece que a FCC não quer ter trabalho).  Não temos sequer um Museu que conte a nossa história, rica em importância no desenvolvimento de toda a nossa região.

Monlevade, no campo da música e da arte, hoje se resume a atividades "fechadas" e limitadas a um pequeno público, com aulas de iniciação na Fundação Casa de Cultura, que não desenvolve nenhum projeto de promoção e profissionalização para os diversos talentos que temos em nossa cidade, que se frustram como artistas ou daqui se vão sem desejar voltar jamais. Exemplos não nos faltam. 

E por falar em exemplo...

BOM DIA: Você vivenciou uma época de grande efervecência cultural na cidade. Qual a diferença daquela época com hoje em dia?

LUTÉCIA: Minha mãe cantava boleros, samba-canção e fados, em jantares da sociedade monlevadense,  acompanhada por um Regional como o do Caçulinha, e minha casa vivia cheia de músicos e música. Nada hoje se compara à época da Monlevade dos Anos Dourados, onde a arte e a música estavam presentes em todos os nossos momentos e eram lecionadas e incentivadas até nas escolas.  Tínhamos Cinemas, Festivais da Canção, Feiras de Arte e Artesanato, show de talentos em programas de auditório na Rádio Cultura, e até participação em programas de televisão.  Mas a sociedade como um todo se transformou, veio a maior necessidade do "ter", de consumir,  e as pessoas se voltaram quase que totalmente ao trabalho, do ganha-pão à acumulação de bens. E assim, nessa correria do dia-a-dia,  em busca da sobrevivência, a visão da importância da cultura, da arte e gastos com o entretenimento, quase se transformaram em luxo. A cultura de Monlevade hoje é o trabalho e nada mais.

Do tempo em que a arte e a cultura tinham valor.

BOM DIA: As pautas culturais são raras na Câmara Municipal. Não acha que está faltando insistir no tema Cultura em todas as instâncias?

LUTÉCIA: Há uma velha máxima na política que diz: "Cultura não dá voto". E acredito, pois no Executivo, que Plano de Governo tivemos em Monlevade que destacasse, que contemplasse a Cultura,  que ao menos pensasse em obter recursos para a construção de um Centro Cultural para a cidade, ou que saísse dessa mesmice que é a Fundação Casa de Cultura, que não faz Cultura nem pra inglês ver? No Legislativo, que vereador se dispos a rever a Lei de Incentivo Cultural, ou elaborar algum projeto, que pudesse ser executado em parceria por exemplo com a Educação, como também buscar recursos para que a Prefeitura investisse em Cultura? E a população, quem vê a importância de termos uma cidade movimentada culturalmente , ou a dimensão dos retornos dos investimentos em Cultura, arte e entretenimento, inclusive para a economia, com a geração de emprego e renda? Investimento em Cultura, para a maioria das pessoas, é dispensável.

Enquanto Monlevade não tiver uma Lei de Incentivo Cultural regulamentada (temos uma Lei aprovada e engavetada, sem regulamentação, desde o governo de Leonardo Diniz - 89/92) e um Centro Cultural decente, com salas para exposições, salas para cinema e áudio-visuais, espaços para atividades artístico-culturais diversas e local apropriado para espetáculos,  Monlevade não terá como fazer arte e cultura de verdade. "A gente não quer só comida..."

BOM DIA: Como você enxerga o próximo pleito? Acha que teremos muitas mudanças na Câmara?

LUTÉCIA: Vejo uma inconsequente personificação das ideologias partidárias. Vejo uma polarização desmedida entre o que chamam de Esquerda e Direita, como um mantra, sem a devida compreensão do que defende cada "lado". E não existe ganho com esse radicalismo de extremos, que nada se assemelha a um comportamento de quem vive num sistema Democrático. Estamos perdendo a capacidade da razão, a nossa tão maravilhosa racionalidade.

A beleza da Democracia é que ela nos dá a oportunidade de pormos em prática o diálogo e de podermos extrair o que há de melhor na diversidade dos pensamentos, de forma racional. Somos 7,6 bilhões de cabeças pensantes no mundo, e cada uma não pode agir ou pensar isoladamente que só nela está a razão e a verdade das coisas. Por isso nos identificamos em grupos, partes, ou Partidos, e todos esses os grupos em muito se assemelham , e também se diferenciam e divergem. A convivência harmônica está em balancear a "verdade" de cada um e desenvolver e buscar o equilíbrio.

Mudar, oxigenar, dar novas idéias para novos projetos, em qualquer grupo, é sempre benéfico. Não sou a favor de reeleição para vereador e acho que toda renovação é, além de necessária, muito bem vinda. Precisamos melhorar e muito o desempenho dos nossos vereadores, principalmente no que diz respeito à sua principal atribuição, que é a de fiscalizar as ações do Executivo. Vejo ainda o "lado" político passando na frente dessa atribuição.

BOM DIA: Sobre a eleição para Prefeito, acha que o governo está desgastado? Acredita que outras candidaturas tem chances de vencer a dupla Moreira-Torres?

Esse governo está se enforcando com a própria corda que dá a ações sem sem estudo, sem planejamento, sem projeto, como foi por exemplo a mudança do trânsito em Carneirinhos, o "Novo Centro". Percebemos que nada tem uma sequência lógica de princípio, meio e fim, e a população, a maior interessada, não é ouvida. Não admitem sugestões e essas ideias parecem brotar de uma única cabeça,  aventureira e sem conhecimento específico.

Com a insatisfação que vemos, principalmente nas Redes Sociais, acredito que essa velha política sairá vencida no próximo pleito,  e que teremos novos gestores, com um novo olhar para a nossa cidade, onde a população, agora mais politizada, exige participar,  está cansada e atenta a ações de cunho eleitoreiro, quase cultural no Brasil.

BOM DIA: Você é bancária e está lotada no Banco do Brasil de Dom Silvério. Qual é a sua situação funcional hoje?

LUTÉCIA: Sou funcionária de carreira, concursada e, embora aposentada por tempo de serviço em 2016, com 34 anos de contribuição para o INSS, estou ainda em plena capacidade laborativa e não pretendo parar de trabalhar enquanto o trabalho estiver me dando prazer. Se eleita, vou me licenciar do Banco para cumprir o mandato, pois acredito que pela importância do trabalho de um vereador,  precisará de tempo disponível para cumprir todas as suas atribuições.  E pelo fato de ser uma função (não profissão) muito bem remunerada, seria uma afronta fazer da vereança um "bico", um trabalho de horas vagas, cuja jornada de trabalho deve ser como a de todo trabalhador, mas que habitualmente é cumprida por um Assessor do vereador, que não foi o eleito pela população para ocupar a cadeira e as responsabilidades do Legislador.

We are the champions?

BOM DIA: Você hoje é pré-candidata a vereadora. Você acredita que o fato de ser mulher é um diferencial positivo nas próximas eleições em João Monlevade?

LUTÉCIA: O fato de ser mulher não me capacita nem me desqualifica para cargo algum. Mas se as mulheres fossem iguais aos homens, não nasceríamos diferentes. Acredito que a mulher, pelo dom da maternidade, tem o olhar mais atento e mais sensível para a vida e para as nossas necessidades, com um maior senso de proteção, de justiça e maior  "jogo de cintura", podendo realizar o seu trabalho com mais compromisso, dedicação e melhores resultados.

 

BOM DIA: Caso eleita, quais as maiores contribuições que poderá dar à cidade?

LUTÉCIA: Existe muita confusão sobre as atribuições de um vereador, que por muitos é visto como Assistente Social, agente de empregos e até um "braço" do Executivo.

Além de estar atenta aos interesses coletivos da população,  estudando e/ou elaborando as Leis que regem o município, e realmente fiscalizando as ações do Executivo (Prefeito), independente de quem seja eleito, como Pedagoga que sou, quero desenvolver ações educativas para mudar esse conceito de fazer política de forma individual e não coletiva,  e também de compreensão do papel de cada cidadão como agente de transformação na sociedade, participando da política que comanda a nossa vida . Acredito que a população compreender a missão e a função dos nossos Três Poderes,  seja o primeiro passo para que tenhamos uma cidade organizada, desenvolvida, com políticos cumprindo suas verdadeiras atribuições. Se eleita, a maior contribuição que poderei dar à população de Monlevade será minha dedicação exclusiva ao cargo, colocando em prática toda a ética, a responsabilidade, a honestidade e a experiência que adquiri em meus 41 anos de serviço, e sem modéstia nenhuma, prestando um ótimo atendimento ao público.

Finalmente, quero agradecer a oportunidade da entrevista e aproveitar para desejar boa sorte a todos aqueles que pretendem se dedicar à nossa cidade e ao nosso povo, de forma honesta, ética e justa. E vamos que vamos, realizar essa mudança que tanto desejamos.

3 comentários:

  1. Parabéns Lutécia! Ótima entrevista, torço po vc sempre.

    ResponderExcluir
  2. Excelente entrevista!!👏👏. Nós Monlevadenses, precisamos urgentemente de pessoas dispostas a colaborar, fiscalizar e engrandecer essa cidade, há tanto tempo abandonada pela cultura, pela arte e estética. A cidade não tem um plano de crescimento nessas áreas, o q é mto triste.
    Desejo profundamente q vc seja eleita. Gde abç

    ResponderExcluir

SABEM QUEM PRECISA CUIDAR DA SUA VIDA SEXUAL? VOCÊ!!! by Nádia Guimarães

  Uma vida sexual saudável traz diversos benefícios para o estado físico, mental e bem-estar da pessoa, além de contribuir para a qualidade ...