
"Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar. Ai, que bom que isso é, meu Deus, que frio, ui, que me dá o encontro desse olhar" – Vinicius de Moraes
Então é Natal...esse é o início de uma famosa música que nos pergunta: O que você fez?
Essa pergunta nos faz buscar os momentos vividos esse ano, que foram momentos de muitas dúvidas, questionamentos e principalmente como estudiosa da sexualidade humana, percebemos que manter distância, principalmente entre os casais independente de sua formação (homo ou hetero), amantes, amizades coloridas foi meio apreensivo, sendo necessário alguns ajustes, inovações – principalmente o uso dos recursos tecnológicos e claro com muito mais cuidado do que normalmente era vivido antes da pandemia.
Começamos a usar máscaras, para nos proteger e também protegermos as pessoas com as quais convivemos; e sabe o que percebi? Tivemos que aprender a valorizar mais o Olhar. Nossas expressões dizem muito daquilo que queremos transmitir. No momento em que a pandemia de coronavírus esconde boa parte de nossos rostos, os olhos se tornaram ainda mais importante quando queremos nos comunicar. O olhar sempre foi importante na comunicação, porém agora em que o sorriso fica sob a máscara, os olhos são o principal ponto de comunicação entre as pessoas.
Quando paro para refletir, vejo que no nosso dia a dia, antes da pandemia, nos nossos relacionamentos e na nossa rotina diária tínhamos esquecido de algo tão importante e tão especial: olhar o outro(a).
Sempre falamos que os olhos são o espelho da Alma e acho isso muito verdadeiro.
Já pararam para pensar que grandes oportunidades, momentos, descobertas e claro, o amor, começaram em um simples olhar? Claro que quando falo isso, não estou esquecendo das pessoas com deficiência visual, elas muitas vezes criam a percepção do outro pela voz, olfato e pelo toque.
Vamos refletir? Aquele amor, aquele da adolescência, da época da escola, da faculdade, do trabalho, do ponto de ônibus, da igreja, do shopping, da rua, entre outros locais, como começou? Lembra? Foi aquele olhar, as vezes o outro, a outra pessoa nem nos viu, mas nós, nós os vimos e aquele primeiro olhar ficou marcado, guardadinho aí na memória, inclusive, se fomos percebidos pelo outro e o momento rendeu grandes e inesquecíveis momentos, foram os olhares trocados que renderam tantas histórias para contar, recontar, lembrar e quem sabe daí podem ter surgido vários namoros, casamentos ou apenas uma linda e inesquecível história de amor, com ou sem final feliz, esse não é o momento de fazermos essa reflexão...
Do olhar podemos falar também do nascimento do(s) filho(s), aquele momento mágico, onde você vê aquele ser iluminado que está a sua frente...
Do olhar também podemos falar do momento que passamos no vestibular e vemos nosso nome na lista, do momento que lemos nosso nome na carteira de motorista ou a carteira de trabalho quando conseguimos aquele emprego que estamos batalhando para conquistar e posso falar aqui de inúmeros momentos em que nosso olhar falou por nós, sem precisarmos falar nenhuma palavra.
No filme Memórias de uma Gueixa, a instrutora da personagem principal fala que ela estará pronta quando seduzir um homem, apenas com o olhar...e nós esquecemos da importância do olhar.
E esse ano desafiador de 2020, nos obrigou a usar máscaras, dessa forma tivemos que reaprender a olhar, ver o outro em sua essência, nossa boca esta tampada, não podemos ver o sorriso, o toque está proibido, o aperto de mãos nem pensar, assim só nos resta destacar nossos lindos olhos.
Já pararam para pensar que quando vamos tirar uma foto, mesmo de máscaras sorrimos, e consequentemente nossos olhos refletem a luz do nosso sorriso?
Esse ano está sendo de muito aprendizado e muitas lições aprendidas. Na minha opinião, fica uma das mais importantes, re-aprendermos a enxergar o outro, nossa parceria, nossos filhos – caso os tenha, nossos pais, irmãos, amigos e principalmente a nós mesmos.
Você̂ já́ parou para pensar quanta coisa podemos transmitir pelo olhar?
“Quando usamos máscaras, aprendemos a sorrir com os olhos, e isso, às vezes, é melhor do que dar uma gargalhada”, diz o enfermeiro Igor Schneider, que trabalha no Hospital Madre Theodora em Campinas – SP.
Olhos também sorriem e podemos continuar a distribuir simpatia, acolhimento, ternura, carinho e muito amor com eles.
Um Natal com menos abraços e mais olhos nos olhos, porque Amor e Carinho mesmo que seja apenas pelo olhar faz um bem danado a quem recebe!
Feliz Natal com muitos sorrisos nos olhos!
Nádia Guimarães